Mantenha-se
informado.
Notícias,
dicas e orientação no seu e-mail.
|
Artigo
DECÁLOGO DO FRACASSO NO CONTROLE DA DENGUE:
10. AUSÊNCIA DE ACERVO TÉCNICO PROFISSIONAL
Muitos municípios brasileiros tratam a Dengue como um evento
passageiro que, algumas vezes se manifesta, e outras, não. Esse
comportamento é resultante de desconhecimento da biologia do
vetor, das formas de disseminação do vírus e de
inexperiência de seus gestores na condução dos
trabalhos de controle da doença.
Como consequência, esses municípios quase nunca
estão preparados para um enfrentamento, de fato, dessa
realidade: a Dengue é uma doença que tem crescido no
território nacional, de modo permanente, cujo vetor, o mosquito
Aedes aegypti, já está definitivamente incorporado na
fauna entomológica urbana. Isso significa que é uma
doença perene e que, absolutamente, não reza, de modo
algum, pela cartilha da sazonalidade (não depende da
época do ano) há um tempo já considerável,
como ainda querem alguns despreparados.
No entanto, observamos, como regra geral, a ausência, no quadro
das secretarias municipais de saúde, de uma adequada equipe para
o controle da doença e de outras atividades que lhe são
congêneres, fazendo irregular uso da prática da
contratação temporária, que só é
devida nas condições emergenciais que a Lei prevê.
Sabemos, ainda, de municípios que mantém tais equipes
“temporárias” operando, continuamente, há
muitos e muitos anos, fazendo irregular uso de brechas permissivas em
sua legislação municipal. Porém, em tais
circunstâncias, os resultados positivos que, porventura,
alcançarem também serão temporários.
Não é surpresa que, nos municípios nessas
condições, o controle da Dengue é, praticamente,
entregue aos responsáveis pelo controle de vetores, cuja equipe
é, quase toda ela, de funcionários temporários,
como se a doença, o surto ou a epidemia se resumissem,
tão somente, a um grande exército de mosquitos que
precisa ser eliminado a todo custo, mas sempre de modo pontual, quando
aparecerem de forma mais intensa.
Essa política equivocada, fruto da ignorância
científica, impede a formação de um acervo
técnico entre os componentes efetivos das equipes da Secretaria
de Saúde/Vigilância à Saúde, obrigando,
desse modo, a um eterno e repetitivo aprendizado, voltando ao ponto
inicial continuamente, e permanentemente operando um batalhão de
despreparados. Os custos são muito maiores e o rendimento
minimizado. Enfim, trabalha-se mais para uma produção
menor, mas nunca construindo o acervo próprio que garante
melhorias permanentes através da evolução ocorrida
em cada experiência passada pela equipe.
A lentidão com que prementes questões são
avaliadas e resolvidas (geralmente, não resolvidas) pelos
governos locais enfraquece, de tal modo, o município diante dos
surtos que se apresentam que impedem a evolução dos
trabalhos e abrem um caminho permanente para a reincidência.
Disso, então, resulta uma eterna necessidade de começar
do zero a cada vez que se inicia uma nova “temporada”, ao
mesmo tempo em que se sabe que essa sazonalidade não é
real, que não existe de fato, e que o trabalho deve ser
contínuo, de modo indefinido.
Todos
os artigos
estão disponíveis no formato pdf, e já
editados para uma boa impressão, se for de seu interesse. A
cópia e a reprodução estão
autorizadas, desde que citada a fonte.
|
|